sábado, 11 de agosto de 2012

Valor de bolso: tô fora!


Tenho feito várias reflexões nos últimos tempos. Hoje, revelo uma das minhas inquietações. Em rodas com amigos volta e meia um dispara: os valores da nossa geração não são os mesmos dos nossos pais. Outro completa: não há mais valores nos dias de hoje. 

Eu sempre defendi que existem sim valores nos nossos tempos. Eles só são diferentes dos vivenciados no passado. Por exemplo, venho de uma família em que os mais novos em respeito aos mais velhos precisam tomar a benção.  Por outro lado, conheço famílias em que tal código de convivência representa uma caretice. Tem filho que chama pai de velho ou, simplesmente, de você. Na minha família esse tipo de comportamento representa uma afronta, um gesto de desrespeito.

O problema do ‘valor’ na prática é quando ele vem imbuído de certo interesse (leia-se interesse no mau sentido da palavra). Quem nunca ouviu essa: Fulano (a) é um bom partido, tem dinheiro. Preciso conhecer aquele cara. Ele é bem próximo da pessoa que vai me dar o emprego dos sonhos. Subir na vida a qualquer preço. Eis o valor mais vigente nos dias de hoje.

No tempo dos meus pais tinha valor o homem que honrava compromissos verbais, a mulher ‘direita’ que casava virgem. O fulano que vencia na vida com o próprio esforço, suor e muito trabalho. Ultrapassados? caretas? uma tremenda besteira? Não sei. Só sei que no passado, o dinheiro também orientou e muito os valores. 

A história já nos contou uma infinidade de casamentos forçados que foram celebrados à base dos valores, das tantas pessoas que morreram por causa dos valores. Outros quebraram protocolos, como Edward VIII, por exemplo, que abdicou o trono inglês para se casar com uma socialite norte-americana recém-separada. Isso, nos anos 30!

Seguir valores, não ter valores, quebrar protocolos. Longe de escolher um ou outro, destaco aqui que está sim muito difícil a convivência em uma sociedade de valores perecíveis que, na maioria das vezes, beiram o ridículo. Considero-me um privilegiado em ter nascido na era da informação. Ual! Mas justamente nesta época em que a comunicação é facilitada por diferentes meios se tornou mais difícil de se fazer, por exemplo, novos amigos. Para se adequar às ditas ‘panelinhas’, é necessário, por exemplo,
apresentar currículo para ser ou não aprovado no grupo. Não me submeto a isso!

Ninguém confia em ninguém. As conversas são rasas, superficiais. A luz no fim do túnel é que existe exceção. Essa palavra abençoada por Deus quer dizer que, sim, tem pessoas que pensam e vivem de uma forma diferente e encaram como mais valioso no próximo o afeto, a amizade, a solidariedade e não, simplesmente, o que se cabe dentro de um bolso.

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