Tenho feito várias reflexões
nos últimos tempos. Hoje, revelo uma das minhas inquietações. Em rodas com
amigos volta e meia um dispara: os valores da nossa geração não são os mesmos
dos nossos pais. Outro completa: não há mais valores nos dias de hoje.
Eu sempre defendi que
existem sim valores nos nossos tempos. Eles só são diferentes dos vivenciados
no passado. Por exemplo, venho de uma família em que os mais novos em respeito
aos mais velhos precisam tomar a benção. Por outro lado, conheço famílias em que tal
código de convivência representa uma caretice. Tem filho que chama pai de velho
ou, simplesmente, de você. Na minha família esse tipo de comportamento
representa uma afronta, um gesto de desrespeito.
O problema do ‘valor’ na prática
é quando ele vem imbuído de certo interesse (leia-se interesse no mau sentido
da palavra). Quem nunca ouviu essa: Fulano (a) é um bom partido, tem dinheiro.
Preciso conhecer aquele cara. Ele é bem próximo da pessoa que vai me dar o
emprego dos sonhos. Subir na vida a qualquer preço. Eis o valor mais vigente
nos dias de hoje.
No tempo dos meus pais tinha
valor o homem que honrava compromissos verbais, a mulher ‘direita’ que casava
virgem. O fulano que vencia na vida com o próprio esforço, suor e muito
trabalho. Ultrapassados? caretas? uma tremenda besteira? Não sei. Só sei que no
passado, o dinheiro também orientou e muito os valores.
A história já nos
contou uma infinidade de casamentos forçados que foram celebrados à base dos
valores, das tantas pessoas que morreram por causa dos valores. Outros
quebraram protocolos, como Edward VIII, por exemplo, que abdicou o trono inglês
para se casar com uma socialite norte-americana recém-separada. Isso, nos anos
30!
Seguir valores, não ter
valores, quebrar protocolos. Longe de escolher um ou outro, destaco aqui que
está sim muito difícil a convivência em uma sociedade de valores perecíveis
que, na maioria das vezes, beiram o ridículo. Considero-me um privilegiado em
ter nascido na era da informação. Ual! Mas justamente nesta época em que a
comunicação é facilitada por diferentes meios se tornou mais difícil de se
fazer, por exemplo, novos amigos. Para se adequar às ditas ‘panelinhas’,
é necessário, por exemplo,
apresentar currículo para ser ou não aprovado no grupo. Não me submeto a isso!
Ninguém confia em ninguém.
As conversas são rasas, superficiais. A luz no fim do túnel é que existe exceção.
Essa palavra abençoada por Deus quer dizer que, sim, tem pessoas que pensam e
vivem de uma forma diferente e encaram como mais valioso no próximo o afeto, a
amizade, a solidariedade e não, simplesmente, o que se cabe dentro de um bolso.
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