Um dos períodos mais fértil
e, ao mesmo tempo, sensível para a cobertura jornalística é o eleitoral. Em
busca do furo ou até da demonização do candidato x ou y se faz
de um tudo. Sempre em períodos como esse me faço a mesma pergunta: O que a
sociedade precisa saber sobre o jogo político vigente? Afinal, só quatro anos
depois o estrago referendado nas urnas poderá ser revertido.
Quando o assunto é eleição
livre, o Brasil ainda é um jovem de 23 anos que como qualquer outro está em
busca de maturidade. E nessa caminhada quantos tombos o país que mais se parece
um continente levou? Logo na primeira eleição pós-ditadura, o primeiro eleito
sofreu impeachment. Todos os outros que se seguiram enfrentaram em seus
governos denúncias de corrupção. Um dos maiores escândalos da era democrática
brasileira – o mensalão – está sendo destrinchado dia após dia. E o jornalismo
diante disso tudo?
A imprensa tem grande
parcela na construção da maturidade das instituições e da sociedade seja como
vigia seja na formação. É necessário saber qual é a função de um prefeito,
vereador e as suas responsabilidades à frente dos cargos. A sociedade precisa conhecer
as plataformas de governo, quais são os aliados políticos e a história de vida
de cada postulante. Não adianta apenas saber se a ponte x será erguida, a
estrada y construída ou se o salário do funcionalismo público será pago em dia.
É preciso saber se o candidato tem preparo para administrar nossas cidades e,
se acima de tudo, a sua biografia é digna para assumir tamanha responsabilidade
por quase meia década. Quem vai fazer tudo isso? Resposta: Imprensa. São nos
meios de comunicação que a maior parcela do eleitorado toma confiança antes de
reforçar suas convicções. E olha que a internet bagunçou tudo e também se
tornou uma fonte infindável de informação.
Mas já temos o que
comemorar. Além de o processo eleitoral tupiniquim ser um dos mais modernos do
planeta, uma lei advinda, justamente, dos anseios populares mudou as regras do
jogo. A partir dessas eleições, nenhuma pessoa condenada em segunda instância na
Justiça poderá assumir cargo eletivo. Os ditos ‘Fichas Sujas’ passarão ao largo
das administrações públicas.
Mas chamo a atenção para o
duelo: Jornalismo x Eleições. Como escrevi anteriormente, este período é,
sobremodo, sensível para os profissionais da imprensa. Propostas absurdas caem
como uma cachoeira. Presentes são enviados às redações, dinheiro brota por todo
lado. E agora José? Certa vez um jornalista recebeu de um político um litro de
vinho 12 anos. Ele não devolveu a garrafa. Esperto! Mandou para o gabinete do
afável político outra garrafa também de vinho 12 anos. Ficou um princípio: só
receba aquilo que você possa dar em troca.
Conheço profissionais que na
cobertura política tendiam de forma favorável em seus textos por um candidato
x. Acabaram se tornando assessores do político, só para citar. Quem ainda não
consegue ser imparcial é porque não aprendeu a ser jornalista. E a sociedade sabe diferenciar o joio do trigo. É
preciso lisura, ética e comprometimento. E acima de tudo atender ao compromisso
primeiro da profissão: o dever de informar, apenas isso!
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