sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A chave


Já era tarde.

Todo mundo riu, cantou, partiu.

A sala ficou vazia, mas cheia de mim.

O espelho me refletia,

O sofá quase que dizia,

O que ainda faz aqui?

Olho no olhar da fechadura,

Já nua sem sua chave a girar

Pergunto: porque deixou todos a sair?

Muda, assim permaneceu aquela

que de tão modesta e bela

se guarda com as chaves do meu coração.

Deixei muitas saírem, disse ela.

Mas um dia há de existir

uma que vai entrar para nunca mais sair.

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